domingo, 30 de março de 2008

Chapter 900 - Marvelous Cookies


Eu lembro bem quando Marvels foi lançado no Brasil. Eu havia começado a ler quadrinhos e eu tive que fazer uma força enorme pra conseguir um dinheiro e comprar a primeira edição. Numa época que os quadrinhos eram todos lançados em formato revistinha, Marvels tinha formato americano, capa em acetato e papel de alta qualidade.
Marvels é o quadrinho de melhor qualidade que a Marvel já produziu, e na minha modesta opinião só perde para Watchmen no quesito "visão adulta" dos super heróis. Nela é contada a história de Phil Sheldon, um jovem fotógrafo na Nova Iorque dos anos 30/40, na época em que os primeiros heróis fantasiados surgiam na cidade. Phil passa a fotografá-los, inicialmente com a idéia de ir para a Europa aonde a segunda guerra mundial acontecia. Aos poucos a euforia que os heróis proporcionam acabam prendendo Phil nos EUA, e através de sua visão ele passa de certa forma a visão do cidadão comum sobre os meta humanos e seus efeitos no cotidiano.
Nesta hora é que mora a principal diferença entre Watchmen e Marvels. Enquanto Watchmen tem uma ótica extremamente pessimista (e mais realista na minha opinião), Marvels encara a presença de seres extraordinários (maravilhas, como Phil Sheldon denomina) como um acontecimento extraordinário, embora algumas vezes assustador. Em nenhum momento a geopolítica de um mundo em guerra e posteriomente em guerra fria é explorado, o que seria altamente improvável considerando o nível de canalhice que existe na humanidade.
A série é composta de 4 edições, cada uma avançando no tempo, e o personagem principal evoluindo sempre com acontecimentos que marcaram o universo Marvel, como a confronto do Namor contra o primeiro Tocha Humana, o aparecimento dos X-Men e do preconceito contra os mutantes, a quase destruição da Terra pelas mãos de Galactus e por último uma comovente visão da morte de Gween Stacy, a primeira namorada do Homem Aranha.
O roteiro brilhante é de Kurt Busiek, que mais tarde escreveria Astro City, uma quase extensão de Marvels só que com um universo próprio. Os desenhos são do fodasso Alex Ross, que na época não era tão famoso ou requisitado. Sua técnica de usar negativos não era bem vista e pelo jeito ele ficou meio puto na época. Seus agradecimentos ao final de Marvels foram: "Não agradeço à ninguém, pois todos estava contra mim."

Nota: 10

Melhor momento: Phil Sheldon descobrindo que estava pronto para se aposentar.

3 comentários:

ghfdc disse...

Marvels regras!

Há tempos que não são publicadas histórias desse tipo... Tudo agora tem que ser uma "mega-saga revolucionária" caça-níquel...

Não tiro a razão do Quesada ao fazer isso (afinal, a Marvel é uma empresa), mas esse tipo de publicação também faz falta... Quer dizer, não sei se a entidade cósmica conhecida como "Mercado" (e sua mão invisível bolinadora...) sente falta, mas eu sinto...

Um abraço!

B. disse...

Marvellous Marvels...com trocadilho hehehe

Só de curiosidade: pagou quanto pela edição?

E falando na temática é verdade: saudade dos tempos em que tudo era mais simples sem grandes justificativas ideológicas.

Lila Yuki disse...

Realmente a qualidade é impressionante. Eu lembro quando você me mostrou este quadrinho. =)