quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Chapter 74 - "Sou assassino e cobro 500 ryos"

Eu estava desesperado. Como diabos eu ia descobrir aonde ela estava? E mesmo se eu descobrisse, como eu ia conseguir tirar ela de lá? Era ridículo. Mas eu tinha que arranjar um jeito. Mas primeiro eu tinha que voltar para a casa do Barros. Eu cheguei lá e a polícia nem havia chegado. Entrei com pressa e vi os dois mortos. Peguei um pouco de dinheiro que eu havia deixado lá e uma 9mm e munição que havia na casa. Quando eu estava prestes a sair um carro vinha chegando, e não era da polícia. Eram dois sujeitos que foram entrando na casa e começaram a recolher os corpos do Barros e da esposa dele. Eu me escondi atrás de um balcão na cozinha e comecei a escutar a conversa dos dois.
"Vamos fazer isso logo, colocar os dois no carro, jogar eles na vala e voltar pro sítio."
"O Renatinho tá grilado. Ele não tá conseguindo falar com o Macedo. Ele tava bolado..."
"O Macedo deve tar se divertindo no puteiro, é por isso que ele não atende o telefone. Se você tivesse fodendo e pagando pra isso você ia atender?"
"Falando nisso, você viu aquela menina que levaram pra lá? Caralho, que vontade de comer aquela menina..."
"Aquilo ali não é pro nosso bico... se não tomar cuidado te passam bala..."
Assim que ele terminou de falar aquilo eu atirei no pescoço dele. Ele gorgolejou de uma maneira horrível e cobriu o rosto do outro de sangue. Eu avancei pra cima do bandido atordoado e chutei bem no meio das pernas. Apontei a 9mm na direção dele e comecei a arrancar respostas.
Eu estava fervendo naquela hora. Era uma loucura, porque eu nunca teria como descobrir aonde Penélope estava, mas a resposta veio até mim, graças aos ignorantes dos meus inimigos que queriam recolher os corpos dos meus amigos.
Ele estava se borrando de medo e cuspiu tudo rapidinho. Era um sítio não muito longe da cidade, e deveria estar com umas 8 pessoas lá. Penélope estava presa em um quarto e a maioria das pessoas deveria estar armada. No final ele estava suplicando pela vida.
"Por favor não me mata... eu não quero morrer, pelo amor de Deus!"

Eu apaguei ele sem nem pensar duas vezes.

Pelo o que eu havia entendido o Renatinho era outro nome forte do esquema, devia ser um homem de confiança do Miranda. Eu peguei o carro deles, uma pickup japonesa dessas bem caras e comecei a circular. Eu não tinha como tirar a Penélope de lá sozinho. Eu tinha que arranjar uma vantagem tática. Eu peguei o celular e liguei pra uns colegas meus, perguntando se conheciam alguém da divisão anti-seqüestro que fosse honesto e pudesse armar uma ação tática rapidamente. Rapidamente consegui o telefone de um capitão das antigas, um senhor bem casca grossa que gostava de ação. Fiz a denúncia formalmente e depois consegui levar um papo com ele. Depois de muita conversa eu convenci ele de que eu tinha que participar da ação nem que fosse do lado dele olhando de longe.
Passei pra ele os detalhes e ele disse que em dois dias ela estaria livre. Agora era tudo uma questão de espera. No meio tempo eu fiz vários preparativos, liguei para a minha filha e conferi as minhas últimas finanças. E fiz muitas ligações.
A operação do capitão correu bem. Como prometido eu participei e troquei balas com os bandidos lado a lado com a equipe de resgate. Foi fácil até. Penélope foi resgatada e a imprensa mostrou o caso da filha de um grande empresário que havia sido resgatada após vários dias de seqüestro. Ela foi encaminhada para um hospital com vários ferimentos e muito debilitada. Ela fora internada no CTI mas morreu após entrar em coma. Abstinência de cocaína.
O saldo da operação foi de 8 criminosos mortos e 1 policial morto. O nome dele era Luís Carlos Lobo.
Bem, isso foi o que eu paguei pra ser dito à imprensa. Eu lembro que foi penoso, mas eu gastei tudo o que eu tinha e que não tinha para eu morrer. Não havia como a minha filha voltar pro país sem ser perseguida. Eu mesmo talvez fosse morto antes dela voltar. Me doeu muito, mas eu fiquei feliz no fim porque eu sabia que minha filha receberia o meu seguro de vida. Os avós dela (pais da minha ex esposa) iriam cuidar bem dela e por algum tempo dinheiro não seria problema. Mas eu nunca mais poderia vê-la e eu contraíra uma dívida de honra. Tudo tinha um preço, e toda essa farsa estava muito acima de qualquer dinheiro que eu pudesse pagar naquela hora. Eu havia chamado atenção nesses últimos dias e a partir disso tudo eu iria ter outra ocupação depois dessa "aposentadoria compulsória".
Quando a notícia da morte da filha do industrial saiu nos jornais, eu e Penélope estávamos em um carro numa estrada bem longe da cidade, nos dirigindo para uma cidade do interior de outro estado. Eu queria que ela saísse do país mas Penélope queria ficar comigo e no fundo eu sabia que era isso o que eu queria também, só que eu tinha medo e uma certa vergonha de ficar junto de uma mulher tão mais jovem. Mas no fim eu estava feliz. Eu havia saído vivo dessa bagunça toda e no final eu havia ganhado uma reputação e uma ocupação temível que iria garantir a minha segurança por um bom tempo. Lobo, Assassino profissional, ao seu dispor.

2 comentários:

ghfdc disse...

Vão parir um Daigoro?

Um abraço.

Lila Yuki disse...

Incrivelmente, gostei deste 'final'. Terá mais?