domingo, 23 de dezembro de 2007

Chapter 76 - Walking among the dead

Mais um história.. estou com ela na cabeça faz um tempo:

Sabe, eu fui dormir esta noite com uma gripe bem forte, dor de cabeça e nariz entupido. Capotei na cama. Tudo o que me lembro é que tive sensações muito ruims, como falta de ar, um frio muito forte, e parecia que eu estava me afogando. Eu achava que era por causa do nariz entupido.
Eu acordei, a minha gripe havia passado. Sem dor de cabeça. Nariz limpo. E era muito estranho porque eu me sentia leve. Daí eu percebi que havia algo muito errado porque eu não estava na minha cama, muito menos no meu apartamento. Eu estava sentado numa cadeira, num corredor enorme, ao lado de outras pessoas, também sentadas numa fila que para mim parecia interminável e ia até o horizonte. Bem longe em uma das extremidades eu via um balcão gigantesco aonde centenas de atendentes chamavam as pessoas da fila. Calmamente quando uma das pessoas saiam, as cadeiras avançavam sozinhas.
A única coisa que eu consegui pensar foi: "Caralho, que porra é essa???"
Eu não sabia aonde eu estava mas uma coisa eu sabia: não era sonho. Eu me sentia bem acordado. Eu olhei para o teto, e havia apenas uma placa na frente dos balcões escrito: "Primeira Triagem".
Finalmente olhei para as pessoas ao meu lado. Na direita havia um idoso, que parecia conformado e até um pouco feliz. Ele não falava nada e esperava pacientemente. Na esquerda havia uma moça, parecia ter uns 30 e poucos anos, com um olhar assustado e chorando muito.
Antes que eu pudesse pensar muito sobre o que estava se passando. chamaram a moça e logo depois eu foi a minha vez.
No balcão uma senhora simpática começou a me atender perguntando:
"Primeiro nome, e causa por favor?"
"Causa?"
"Sim, filho, como você veio parar aqui?"
"Eu estava dormindo e quando eu vi já estava aqui. E o nome é Alexis."
"Peraí, você chegou aqui sozinho?"
"Sim eu acordei e estava na fila."
"Me dá o seu cartão."
"Que cartão?"
A senhora ficou meio desconcertada. Ela insistiu algumas vezes comigo dizendo que todos que entravam na repartiação tinham que ter um cartão com informações pessoais e que eu deveria ter sido escoltado até o meu lugar na fila.
Então ela decidiu puxar o meu nome no sistema pra ver se tinha algo sobre mim. Então veio aquele barulho típico quando existe um erro no sistema. Ela tentou mais umas três vezes (como se isso funcionasse com computadores) e começou a fazer ligações.
Depois de uns quinze minutos eu me dei conta de que eu nem perguntei aonde eu estava.
"Desculpe senhora, eu sei que é estranho perguntar isso, mas aonde é que eu estou?"
Se ela já estava desconcertada, depois da pergunta ela ficou apavorada. Ela imediatamente apertou um botão vermelho no telefone, e ela só falou uma frase quando atenderam:
"Erramos um cliente."
Segundos depois apareceu um homem de palitó e gravata com um rosto muito preocupado e pediu que eu o acompanhasse até a sala da gerência para que eu fosse atendido corretamente.
Ao entrar haviam 3 pessoas numa mesa grande e uma daquelas cadeiras bem confortáveis para eu sentar. Eu me acomodei da melhor maneira que pude e fiquei olhando para os três que estavam de frente para mim.
Um deles, na esquerda era um senhor idoso, bem barbudo e parecia calmo. O do meio parecia bem jovem, 20 e poucos, um daqueles executivos que começaram cedo eu pensei. Na direita havia uma mulher, parecia ter uns 40 anos, bem conservada eu diria.
O homem que havia me trazido até lá foi embora e o homem do meio começou a falar:
"Primeiro de tudo, gostaria de pedir minhas profundas e sinceras desculpas, já faz mais de 600 anos que isso não acontecia. Hoje não temos um evento como a Peste Negra como desculpa, o que nos torna 100% culpados do que aconteceu com você."
Depois a mulher começou a falar:
"Jonas... eu acho que ele ainda não sabe o que aconteceu. Agamenon, explique para o jovem porque ele está aqui."
Então o senhor começou a me explicar, que eu estava basicamente fudido:
"Alexis meu rapaz, você está na repartição dos mortos. Você morreu. Por engano."
Naquela hora muita coisa fez sentido. ... Na verdade porra nenhuma fez sentido, quem diabos eu quero enganar? Eu havia morrido por engano e estava no lugar para onde todas almas do mundo passavam.
Eu só pude perguntar uma coisa:
"Céu ou Inferno?"
Nenhum deles falou nada. O rosto deles denunciava um pesar uma preocupação enormes. O silêncio foi aumentando. Eu nunca pensei que morrer fosse tão angustiante.

Um comentário:

Lila Yuki disse...

Eu já conhecia a premissa da história, mas estou louca para vê-la sendo desenvolvida por você.
Cada dia você me surpreende mais! TE AMO!!!